SOLIDARIEDADE
A solidariedade é mais do que um gesto dentro do anarquismo, é uma forma de comportamento, o ponto alto da família libertária. Onde quer que alguém sofra pressões políticas , econômicas , sociais ou violências físicas e psicológicas ou seja privado da liberdade , nessa direção se encaminha o protesto do anarquista , o seu apoio ideológico e a sua solidariedade . É um dos gestos mais belos e mais nobres da família libertária !!!
... O apelo por sobre as fronteiras convencionais, corporifica a solidariedade, PÕEM À PROVA O CONCEITO DE FAMÍLIA UNIVERSAL cultivado pela expressão humana do anarquismo . A solidariedade com os outros é a proteção de nós mesmos, na expressão máxima do anarquismo .
... Para eles um homem vale um homem e a sociedade é obra do esforço de todos, não se justificando que só uns poucos usufruam em prejuízo da maioría que trabalha e carece de tudo: alimento em quantidade e qualidade suficiente, roupa,casa, assistência médica,escolar etc .Sua publicidade nem sempre é doutrinária por isso .Muitas vezes denuncia injustiças ,combate políticos mistificadores e governantes . É o caso desse manifesto que inserimos :
“ ABAIXO OS MISTIFICADORES
O Partido Comunista , em sua propaganda demagógica, intitula-se ‘ Vanguarda esclarecida do proletariado’ . Denunciamos aos trabalhadores a impostura desses politiqueiros que , usando e abusando dessa terminologia empregada nas lutas de sentido emancipador , ocultam o seu verdadeiro objetivo que é a escalada aos parlamentos, para em conluio com outras facções políticas ludibriar aqueles que lhes outorgaram a defesa dos seus direitos . O partido de Stálin , em sua trajetória sombria numa sucessão interminável de renúncias,recuos e traições , chegou ao ponto culminante de CONCLUIR ACORDOS COM O PRÓPRIO NAZISMO ( pacto Germano –soviético , 23 de agosto de 1939 ) e enquanto o sinistro Ribentrop era recebido em Moscou com grande pompa , ao som da internacional, Molotov era recebido dessa mesma forma em Berlim e simultaneamente a tudo isso OS COMUNISTAS ALEMÃES QUE SE ACHAVAM NOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO ERAM DECAPITADOS A MACHADO PELOS VERDUGOS DE HITLER . Suprema vergonha , para quem age dessa forma e paradoxalmente pretende liderar movimentos populares . Aqui no Brasil o messias Prestes descobriu que a ditadura fascista de Getúlio Vargas marchava para a democracia e após umas tantas explicações vagas , que só podiam convencer papalvos , colocou-se abertamente , com seu partido ao lado dos liberticidas que , durante tantos anos ,reduziram o país a uma senzala de escravos .
As reivindicações proletárias , que em outros tempos constituíram a causa de lutas memoráveis ,estão sendo subordinadas por essa gente a uma série de petições e abaixo-assinados que, além de serem humilhantes ,ferem profundamente a dignidade humana e atentam contra os princípios que regem a luta social .
Aos Comitês Democráticos Progressistas , organizações controladas pelo Partido Comunista,são dadas ordens para que façam comemorações de festas religiosas que só podem interessar ao clericalismo ultramontano , esse polvo insaciável que , em todas as lutas pela liberdade , tem-se colocado sempre ao lado dos tiranos e que por toda a parte estende ameaçadoramente seus tentáculos , com o propósito de asfixiar todas as liberdades públicas . São por esses caminhos tortuosos que os comunistas vão conduzindo seu rebanho . Frente a essas mistificações , os trabalhadores devem organizar seus sindicatos livres , não admitindo em seu meio politiqueiros de quaisquer tendências e adotando como meio de luta a ação direta .
Ao lado dessas organizações de resistência , formemos grupos de cultura social onde , no domínio do pensamento , teremos perspectivas de novos horizontes , onde poderemos debater amplamente os problemas sociais , esclarecendo cérebros e robustecendo consciências e onde, finalmente , compenetrando-nos dos nossos direitos , saberemos defendê-los com altivêz e dignidade .
Um grupo de libertários
(( Campinas, janeiro de 1946 )) ”
Documentos como este percorreram o país , de mão em mão , muitos chegaram até o exterior , da mesma forma que a imprensa anarquista de outros países chegava ao Brasil . O intercâmbio cultural-libertário é uma praxe dos anarquistas . Desenvolve-se com a troca de jornais , revistas , panfletos , folhetos, livros , de correspondência e
> colaboração na imprensa < . ....
( LIVRO : A NOVA AURORA LIBERTÁRIA (1945 – 1948) Edgar Rodrigues, Editora Achiamé ) .
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A BATALHA ANTI FASCISTA DA PRAÇA DA SÉ
No dia 7 de outubro de 1934 em São Paulo , na praça da Sé, anarquistas, entidades sindicais e as classes trabalhadoras, os que eram os antifascistas de $P colocaram pra correr embaixo de balas um comício realizado pela AIB Ação Integralista Brasileira, uma instituição totalmente nazi-fascista . O integralismo tentou criar uma doutrina que pretendia “ abrasileirar” o Fascismo Italiano e o Nazismo Alemão e empregá-lo como sitema , sócio-político por aqui , nessa época desde o início dos anos 30 , ofascismo estava num de seus pontos de maior alta pelo mundo, na Eapanha, na Itália, na Alemanha, na Polônia , na Hungria e em outros locais , em maior grau nos países atingidos após a primeira guerra mundial , assim como no Brasil , éra até certo ponto fácil encontrar publicações desse car´[ater de modo geral , sedes, realizações de comícios , tentativas de demosntração de força como desfiles, aliás, desfiles estes que eram marcados pelos uniformes verde-oliva e por estandartes do SIGMA (símbolo integralista),também não podemos nunca nos esquecer que esse período também marca o auge da LUTA ANTIFASCISTA no mundo encabeçado pelos movimentos operários/populares, aos quais @s Anarquistas sempre estiveram ligad@s .
Os integralistas , assim como os nazistas , criaram milícias armadas , uniformizadas e treinadas para a destruição/aniquilação dos seus inimigos, e esses inimigos evidentemente eram encabeçados pelos Anarquistas , por toda sua história de luta contra todas as formas de poder totalitário /centralizado , além de todas as “ alas de esquerda ” , os integralistas eram totalmente Anti-Socialistas , Anti-comunistas , e contra toda e qualquer livre associação operária/popular .
Nessa época (anos 30) o Bra$il sofria nas mãos do regime ditatorial de Getúlio Vargas , que como seu antecessor na presidência Arthur Bernardes ( 1922 – 1926 ) , cassou incessantemente o movimento libertário/operário livre , criando inclusive campos de concentração como o do oiapóqui ( Crevelândia) e para lá foram enviados grande número de anarquistas , que ali infelismente morreram ...
Voltando ao dia 7 de outubro de 1934 ... Para aquela data havia sido convocado um comício para demonstração de força Integralista , nessa época era imenso o combate contra o fascismo/integralismo por aqui , eram realizados comícios antifascistas aos quais o CCS de São Paulo sempre se fez presente ao lado de inúmeros e valorosos companheir@s anarquistas que estavam dispost@s a lutar contra os camisas- verdes com a própria vida se preciso fosse ... Pois bem , os antifascistas sabendo do comício integralista , marcaram um contra comício ou contra manifestação para o mesmo dia e local ... e esse dia ficou conhecido como “ a batalha da Praça da Sé ” . Os grupos antifascistas se distribuíram nas intermediações da Praça da Sé , os principais pontos eram o Largo João Meneses , o pátio do convento do Carmo , no início da avenida Rangel Pestana o largo de São Bento e a Praça Ramos de Azevedo , os camisas - verdes deviam ser mais de três ou quatro mil , e era grande o contingente de integralistas que desembarcavam de trem vindos de cidades do interior como : Baurú , Jaú , Sorocaba , Campinas , Santos e outras . A praça da Sé contava com 400 homens dos bombeiros e da cavalaria da polícia, havia também a guarda civil armada , logo as ruas que davam acesso à Praça da Sé estavam policiadas, quando os integralistas acharam que as provisões policiais eram suficientes , iniciam sua manifestação enviando moças e crianças ( de propósito ) uniformizadas com bandeiras com o sigma e se destinam para as escadas da catedral, ode já se encontram alguns integralistas. Nesse momento @s antifascistas já estão a postos na praça , assim que as moças chegam ,são recebidas com gritos de “ morras” , “ fora os galinhas-verdes” e outras qualificações ...
Alguns integralistas buscam reagir , e começa um princípio de tumulto com alguns tapas e safanões , logo acontecem alguns tiros sem que saiba de onde vem . Cerca de dez minutos depois o grosso das suas formações entram na praça ao seu hino oficial e dando “anauês” ( saudação integralista tal qual HI HITLER) . A praça ecoava gritos contra os integralistas e seus hinos ... Na sequencia dos fatos , uma rajada de tiros é disparada acertando em cheio a três guardas civis , há versões de que esse disparo fora intencional ou acidental ,para @s antifascistas e para a população presente que não sabiam da acidentalidade ou não dos disparos , seus autores eram os integralistas , o ódio popular foi despertado e , daí a pouco , mostrou como é perigoso dispertá-lo...
Após 10 ou 15 minutos dessa confusão , os integralistas refeitos do pânico dos disparos começam a lotar as escadarias da catedral , esse foi o inicio da contra- manifestação, algumas breves palavras foram pronunciadas : “ Companheir@s antifascistas ,viemos a praça para não permitir que o fascismo tome conta da rua e dos nossos destinos ... “ , logo após esse pronunciamento começou um intenso tiroteio , por todos os lados os fascistas e @s antifascistas trocando tiros ... nesse momento muitos integralistas fugidos se retiram da praça , um ultimo grupos de galinhas verdes continua a lutar contra os antifascistas , mas logo saem em revoada ... a maioria dos “ gloriosos” integralistas fogem à toda velocidade da praça para todas as direções , nos dias seguintes são recolhidas as camisas verdes abandonadas pelos seus covardes donos que as abandonaram na fuga que passou a ser conhecida como : “ A revoada dos galinhas-verdes” , é sempre bom lembrarmos que Plínio Salgado , “ chefe maior ” da AIB não erredou pé da proteção de sua sede ...
Na troca de tiros dezenas tombaram feridos de ambos os lados com alguns desses feridos sendo fatalmente atingidos ...
A contra manifestação de 7 de outubro de 1934 , deu um duríssimo golpe nos fascistas fazendo com que eles abaixassem a bola , até quase que total desaparecimento !!! Esse text tem como objetivo demonstrar que a nossa história social vai muito além do que a” nossa” historiografia oficial , ou poderia dizer a estoriografia oficial nos ensina ... e 69 anos após essa brava demonstração de força do operariado , NÓS ESTAMOS AQUI , ANARQUISTAS E ANTIFASCISTAS DANDO O NOSSO GRITO DE QUE A LUTA NÃO ACABOU, e só acabará quando vencermos , e venceremos !!!
Assim como ontem , hoje e sempre , COMBATEMOS E COMBATEREMOS O FASCISMO com todas as nossas forças e com todos os nossos corações !!!
Compilação de informações relizado por MAP Movimento Anarco Punk (SP)
Fontes :
Cadernos CEIMAP : 7 de outubro de 1934 – 50 anos , por Fulvio Abramo
Documentos : Edgar Rodrigues e o movimento anarquista no Brasil , FASCISMO E ANTIFASCISMO NO BRASIL ( Edgar Rodrigues ) , HISTÓRIA DO MOVIMENTO ANARQUISTA NO BRASIL (Edgar Rodrigues ) , Jaime Cubero e o Movimento Anarquista no Brasil ............
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RESISTÊNCIA ANARQUISTA E ANTIFASCISTA NO PERÍODO VARGAS
Há um período pouco conhecido do anarquismo carioca.Entre 1929, quando o sindicalismo revolucionário perdeu toda sua força no então Districto Federal, até o final do Estado Novo em 1945, quando os anarquistas se reagruparam e lançaram no ano seguinte o jornal Ação Direta, há uma espécie de lacuna em nossa história. Essa nuvem foi parcialmente dissipada quando recebemos no ano passado a visita do companheiro italiano Gianpiero Landi, que veio à cidade maravilhosa pesquisar a trajetória brasileira do anarquista Nello Garavini (1899 – 1985) e de sua companheira Emma Neri (1897- 1978) . Perseguidos pelo estado fascista italiano,chegaram ao Rio em 1926, trazendo sua filha Giordana,nascida em outubro de 1924.
Nos primeiros tempos, foram apoiados pelo tio de Nello, Antonio Garavini , um anarco- individualista quer vivia no Rio desde a virada do século.Nello trabalhou como camareiro no Hotel Glória e Emma como professora . Em 1928 e 1929, Nello atuou no Centro Cosmopolita , onde o embate entre anarquistas e bolchevistas era intenso. Na Liga Anticlerical,conheceram seu fundador, José Oiticica, e lá passaram a manter contato permanente com os anarquistas e anti-fascistas locais, muitos desses italianos exilados. No segundo semestre de 1932, foi realizada na Liga uma emocionante homenagem a Errico Malatesta, morto em 22 de julho daquele ano, a quem Nello havia conhecido e tinha como maior referência política.
Em 1933, os Garavini abriram na Praça Tiradentes, ao lado da entrada do Teatro Carlos Gomes (Rua Dom Pedro 1 n- 2) a “Minha Livraria”, um espaço que serviu até 1942 como ponto de encontro e de acaloradas discussões dos anarquistas e anti-fascistas. Em 1935, no rastro repressivo da “Intentona Comunista”, a Liga Anticlerical foi fechada e a livraria posta sob permanente observação pela polícia carioca. Com a eclosão da Guerra na Espanha, em 1936, mesmo com o incremento da repressão, os freqüentadores da Minha Livraria” buscaram reunir voluntários para lutar na guerra. Libero Battistelli, um grande anti-fascista e o melhor amigo dos Garavini, seguiu para a Espanha e veio a morrer no ano seguinte combatendo na frente de Huesca. Mesmo durante os mais negros anos do Estado Novo varguista, a livraria resistiu bravamente, sempre sob os ataques da polícia e as provocações dos fascistas locais.
Com o fim da grande guerra, os Garavini resolveram retornar à Itália, o que fizeram entre 1946 e 1947 . Fixaram residência na cidade natal de Nello, Castel Bolognese, onde passaram a atuar no grupo anarquista local e aderiram à Federação Anarquista Italiana (FAI) [nota do digitador;existe também outra FAI que é a Federação Anarquista Ibérica] . Em 1973, os Garavini e outros companheiros fundaram a Casa Armando Borghi, sede dos grupos anarquistas e de uma biblioteca libertária. Ainda hoje, Giordana Garavini, com 83 anos , participa da gestão desse espaço libertário.
Renato Ramos
TEXTO RETIRADO DO PERIÓDICO EMECÊ – Boletim do Núcleo de Pesquisa Marques da Costa. Ano 2 , N- 5. Novembro de 2006.
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A entrevista abaixo é um texto que eu acredito ser do ano de 2003, eu achei que havia perdido éla , porém resolvi procurar de novo porque eu sou muito insistente em certos aspectos e sabia que ia encontrá-la pois sempre esteve aqui , só não sabia que estava no meio dos materiais desorganizados , isso me fez desistir de procurar por éla por um tempo, sempre existiu a intenção de publicá-la em um zine e agóra com o blog , mesmo ela ja sendo um texto antigo ainda a considéro importante .
ENTREVISTA
Em breve , a ORGAP (Organização Anarco Punk), estará lançando o importante livro "Anarquismo em Cuba" , escrito "em voz alta" pelo anarquista cubano Frank Fernández. Um livro que destrói vários mitos da esquerda autoritária, além de falar das históricas lutas dos anarquistas cubanos, dos enfrentamentos com o novo regime castrista . Um livro de reflexão, de debate, de denúncia ... e sobretudo um livro que faz uma opção contra a morte e pela vida .
A seguir em entrevista para a ANA, a esperta e tradutora do livro, Karina Lima, com 16 anos, e desde os 12 "rodando a baiana anarquista" , nos conta um pouco mais do livro e de "outras coisas" libertárias .
AGENCIA DE NOTICIAS ANARQUISTAS > COMO PINTOU A IDÉIA DE TRADUZIR E EDITAR O LIVRO " EL ANARQUISMO EM CUBA ", DE FRANK FERNÁNDEZ ? E POR QUÊ ?
Karina Lima < Sempre me interessei bastante pela questão do anarquismo latino-americano e me considero uma entusiasta do movimento libertário local. Movida por esse grande interesse pessoal, há algum tempo tenho atuado como tradutora de materiais relacionados a essa temática .
Foi assim que , há uns dois anos , estabeleci contato com algumas pessoas do MLC (Movimento Libertário Cubano) e passei a traduzir documentos dessa organização. Coloquei essa questão para o resto do coletivo do qual participo, a ORGAP (Organização Anarco Punk), e passamos a divulgar alguns materiais sobre o anarquismo cubano titulados "estudos" . Fizemos umas duas ou três edições desses "estudos" , e publicamos na internet.
Depois de um tempo, o autor do livro e outros/as companheiros/as do MLC me propuseram que traduzisse " O Anarquismo em Cuba " para o português. Como já havia começado a trabalhar esse tema (através dos "estudos"), e devido ao comprometimento que de certa forma considéro que assumí com essa causa, aceitei.
A ORGAP acabou abraçando de vez a idéia, e assumimos a responsabilidade de editar o livro. Achei uma atitude muito legal por parte dos/as demais companheiros/as a de entrar de corpo e alma nessa idéia, que hoje podemos dizer que é um ideal do coletivo , tomando para sí o projeto, isso num país onde é dificílimo fazer livros e onde o castrismo encontra um campo tão vasto para alastrar-se . Desde então , tenho continuado a tradução, ao mesmo tempo qem que realizamos atividades para conseguir financiar o projeto (daí surgiu a Festa da Diversidade, que organizamos todo segundo domingo do mês no centro de São Paulo, e já estamos indo para a oitava edição do evento ).
ANA > ESSE É UM LIVRO HISTÓRICO , DE DENÚNCIA ...
Karina < Sem dúvidas : é um livro de história, e acima de tudo, de reflexão histórica . Por sua vez , é um livro de denúncia : denúncia das injustiças às quais sempre foi submetido o povo cubano, e principalmente os/as anarquistas cubanos/as , desde o sistema colonialista espanhol , passando pelas ditaduras anteriores (Machado , Batista ... ) e pelo imperialismo ianque, e culminando com esse expoente do autoritarismo que é Fidel Castro.
O livro trata do surgimento do anarquismo em Cuba , cuja história é bem parecida com a do Brasil, não só pelo fato de ter sido trazido pelos imigrantes europeus , mas também pela grande aceitação que teve na ilha e pela enorme influência política que ora gozou no início do século passado . Faz então uma síntese dos fatos e personagens que marcaram o anarquismo cubano desde o fim do século XIX : a luta anarquista em tempos colonialistas, a questão da independência, os altos e baixos do anarquismo na ilha ao longo de anos de oligarquia, as lutas contra as ditaduras e o imperialismo, e finalmente narra todo o processo de "revolução" pelo qual passou Cuba , denunciando a corrupção, a violência, o poder "absolutista" do PCC, a ascenção política de Castro e o processo de perseguição, tortura, morte e exílio dos anarquistas . Nesse contexto, conta sobre o surgimento do MLCE ( Movimento Libertário Cubano no Exílio) e suas atividades. É importantíssimo destacar também a análise que faz o autor sobre as principais dificuldades do MLCE no campo do anarquismo internacional , uma vez que , por muito tempo, o castrismo teve grande aceitação no meio anarquista , por falta de informação , traições e até mesmo má vontade de alguns/mas .
A denúncia se dá de várias formas, vai desde sistemas políticos a personagens da história , e acredito até que de certa forma é uma denúncia à conivência do movimento libertário em geral com o castrismo, que deixou de lado seus irmãos e irmãs anarquistas de Cuba em incontáveis ocasiões . Há relatos surpreendentes de perseguição, tortura, morte, corrupção , manipulação ...
No Brasil , espero que este livro sirva pra esclarecer os fatos , iluminar a história, dividir as águas, e definitivamente denunciars esse sistema autoritário e assassino que é o castrismo .
É imprescindível compreender como, desde seu início , o castrismo se manteve ( e o continua fazendo ): através do anti-imperialismo primário que o caracteriza, ou seja , pelo fato de representar uma oposição ao imperialismo ianque e impor uma questão ética latente, a de "quem não está com ele, está contra ele" - e quem está contra ele é "obrigatoriamente imperialista ". É assim que , até hoje , Fidel Castro é visto como um ícone, e goza da simpatia da "esquerda" e de uma parte considerável da juventude , justificando seu poder absoluto e violência autoritária por meio de conceitos demasiado primários e sem reflexão crítica. Isso constitui um absurdo, e a lição do anarquismo nessa história é a que devemos lutar contra todo tipo de poder , venha de onde vier - seja ele ianque ou castrista ! - para lograr a emancipação e autogestão de toda a sociedade .
ANA > O QUE ESSA EDIÇÃO SE DIFERENCIA DAS EDIÇÕES FRANCESA, INGLESA E ESPANHOLA ? MUITAS INFORMAÇÕES NOVAS ?
Karina < A edição em português é a edição espanhola (feita pelos/as companheiros/as da Fundação de Estudos Libertários Anselmo Lorenzo, que faz parte da CNT ) acrescida de correções e outras informações agregadas pelo autor . Sobre a edição em inglês, não sei, recentemente fizeram também uma versão em italiano que também não sei como estará . Ja a em francês acredito também que tenha essa "atualização " , pois foi lançada mês passado . Na verdade, não tive acesso à outras versões, só tenho comigo a em espanhol , pelo que não sei dizer muito sobre as demais .
ANA > QUEM FARÁ O PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA ?
Karina < Por sugestão do próprio autor , e claro que concordei de primeira, resolvemos convidar o Edgar Rodrigues . Para quem não sabe , ele foi um dos expoentes libertários de apoio ao MLCE no Brasil (e América Latina no geral) num tempo que as coisas estavam nebulosas para os/as companheiros/as cubanos, e pelo que sei mantinha muito contato com o Casto Moscú (anarquista cubano membro do MLCE , já falecido) . Sem dúvidas é o nome mais indicado para participar , pelo seu grande conhecimento histórico e comprometimento com a causa libertária e especificamente com o Movimento Libertário Cubano .
ANA > O LIVRO TA PROGRAMADO PRA SAIR QUANDO ? ALIÁS, AS EDIÇÕES "GRINGAS" TÊM CAPAS MUITO BONITAS , AQUI QUEM FARÁ ESSE TRABALHO ARTÍSTICO ?
Karina < Não sabemos exatamente quando sairá o livro . A tradução está avançada, e pretendo terminá-la até o fim do mês (novembro) . Depois disso, ele será revisado , e então estará pronto pra ser feito , assim que logo estará disponível. Inclusive , em breve entraremos em contato com as distribuidoras anarquistas para realizar pré- vendas e ajudar a distribuí-lo.
Sobre a questão da capa, essa é a única coisa que não foi escolhida ainda. Já discutimos um pouco sobre esse tema , uma vez que o autor deixou a decisão em nossas mãos . Mas isso ainda está pendente .
Por falar nisso , se algum desenhista libertário se interessar em fazer a capa , entre em contato que ainda estamos aceitando sugestões !
ANA > NORMALMENTE QUANDO HÁ O LANÇAMENTO DESTE LIVRO EM OUTROS PAÍSES , O AUTOR É CONVIDADO PARA PARTICIPAR . NO BRASIL ACONTECERÁ A MESMA COISA, EXISTE A POSSIBILIDADE DO CUBANO fRANK FERNÁNDEZ APARECER PARA UMA "MINI- TOUR" DE LANÇAMENTO ?
Karina < Esta questão está absolutamete incerta. Muito recentemente tocamos nesse assunto , sendo que o Frank Fernández demonstrou interesse em vir , num futuro não muito distante (quem sabe no próximo ano ) .
Para mim isso seria maravilhoso, uma vez que poderíamos organizar uma série de eventos com aparticipação do autor : palestras - debate , jornadas de contrainformação, seminários,exposições, exibição de materiais, dentre outros . Aqui no Brasil não há muita informação sobre anarquismo cubano, e gostaríamos muito de divulgar esse conteúdo para o movimento libertário ( e a sociedade em geral ) .
Se a vinda do Frank Fernández ocorrer mesmo, fazemos questão de convidar todo o movimento anarquista e a esquerda autoritária para debater sobre o tema do castrismo nos eventos que organizaremos com sua participação .
E mais , fazemos um chamado a todos os indivíduos e grupos anarquistas interessados em unir-se a nós para possibilitar a vinda do autor ao Brasil .
ANA > DA PRA VOCE FALAR UM POUCO DO AUTOR DO LIVRO ? VOCE SABE DIZER COMO ELE CHEGOU NOS EUA ? FIGIU DE CUBA ?
Karina < Não sei muito sobre a vida do Frank Fernández , pois só começamos a ter contato depois que comecei a tradução do livro (antes só conhecia outras pessoas do MLC ). Pelo que sei , ele saiu de Cuba ainda adolescente e só veio a conhecer o anarquismo quando já estava nos EUA , isso foi lá pela década de 60 .
De fato houve uma grande diáspora de anarquistas cubanos em direção ao continente. A maioria se estabeleceu nos EUA , e muitos fugiram via México,chegando a organizar campanhas internacionais para "resgatar" companheiros/as e famílias que se encontravam na ilha durante a ascenção do castrismo e o incremento da represão ditatorial. No livro essa história esta contada com detalhes.
ANA > ESSE LIVRO REALMENTE TEM UM VALOR HISTÓRICO INESTIMÁVEL, ALÉM DE ROMPER COM VÁRIOS MITOS DA ESQUERDA OBTUSA E "BABA- OVO" DO CASTRISMO . MAS VOCE JÁ FEZ "SEGURO DE VIDA" , JÁ QUE ESSA MESMA ESQUERDA SE REBELARÁ CONTRA O LIVRO E A TRADUTORA ? ( RISOS)
Karina < Pois é , gostei da sua sugestão ! Vou procurar algum ... Alguém pode me informar se já inventaram " seguro de vida" anarquista ? ( risos )
É , acho que esse livro assim como qualquer tentativa de fazer frente ao castrismo , será visto com péssimos olhos pela esquerda autoritária que sempre foi títere de seus líderes e de suas siglas . Entretanto, a ORGAP está dando as caras mesmo, queremos gritar o mais alto possível e ao máximo de gente possível que NÃO ESTAMOS COM CASTRO NEM COM SUA ESCALADA REPRESSIVA . Acho que , enquanto anarquistas devemos ter a consciência exata de até quando a esquerda autoritária é nossa possível aliada (na luta por causas comuns ) , sabendo representar dissidência forte e inteligente quando esse limite for ultrapassado . A história já nos provou nossas diferenças , que em momentos estratégicos são irreconciliáveis .
Ao editarmos esse livro , queremos que ele represente uma "bomba" para o autoritarismo de esquerda mesmo , queremos abrir o debate sobre a legitimidade do sistema castrista dentro da sociedade , e no seio dos movimentos " esquerdistas " . De uma forma ou de outra , alcançaremos esse objetivo . E desejo que isso tudo vá muito além da " caça às bruxas " que pode ser empreendida contra mim ou a ORGAP .
ANA > MEU "FEELING" DIZ QUE ESSE LIVRO SE FOR EDITADO CAPRICHADAMENTE , COM DIVULGAÇÃO ALÉM DO" UNIVERSO ANARQUISTA" , SERÁ UM SUCÉSSO . VOCÊS PENSAM VENDÊ-LO NOS CIRCUITOS DAS "GRANDES LIVRARIAS" ?
Karina < Pretendemos distribuí-lo da melhor forma possível , tentando abarcar um público abrangente . Dessa forma procuraremos extravasar o "universo anarquista " , porque queremos que seja conhecido em outros setores sociais , dentre eles , é claro , o da esquerda autoritária .
Quanto às grandes livrarias , não sei , queremos levá-lo aos sebos, bancas , livrarias comprometidas e outros meios alternativos , principalmente . Depois veremos essa parte : na verdade , essa discussão ainda não terminou entre nós de maneira conclusiva .
Independentemente de inserirmos ou não o livro nos circuitos das "grandes livrarias" , desejamos que todos os distribuidores de livros anarquistas participem desse projeto , porque acreditamos em nossos PRÓPRIOS MEIOS de difusão , e isto é o mais importante . Precisamos lutar para não só aumentar a produção de livros , mas também sua distribuição e sua área de influência .
Aliás, este tem sido um grande problema : quantos livros não vimos "encalhados" nas estantes do pessoal anarquista que os distribui ? Mesmo com falta de apoio suficiente nessa área ( digo no geral , das condições infra - estruturais do movimento , mas na verdade esperamos contar com o apoio de vários/as indivíduos e distribuidoras libertárias) lutaremos para que isso não aconteça , faremos o melhor que pudermos e de maneira inteligente , colocando-o para circular em muitos meios .
ANA > É MUITO CURIOSA ESSA HISTÓRIA DE LIVROS ANARQUISTAS "ENCALHADOS" , POIS REALMENTE ISSO ACONTECE , POR VÁRIOS FATORES , DESDE A FALTA DE CUMPLICIDADE DOS ANARQUISTAS ATÉ A MÁ DISTRIBUIÇÃO . MAS O ENGRAÇADO É QUE O BRASIL É UM DOSLUGARES ONDE MAIS SE EDITAM LIVROS ANARQUISTAS , NOS ÚLTIMOS TRÊS MESES FORAM MAIS DE 15 ! E TAMBÉM ACREDITO QUE O BRASIL É UM DOS PAÍSES ONDE MAIS O ANARQUISMO É INVESTIGADO POR ESTUDANTES E PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS . E DIZEM AS MÁS LÍNGUAS , QUE AQUI TAMBÉM É O LUGAR ONDE EXISTEM MAIS DESQUITES ENTRE A TEORIA E PRÁTICA . ( RISOS)
Karina < Acho que esse "encalhamento" dos livros se dá por vários fatores : o preço (que muitas vezes é inacessível , assim como amaioria dos livros no Brasil ), a falta de leitura e interesse de muita gente (refletindo um péssimo "habito brasileiro" ), e a má distribuição (não só má, como pouca ). No Brasil poderiamos editar muito mais livros anarquistas , se houvesse mais mobilização do movimento (temos gente, grupos, muitas obras para editar , meios de "autofinanciamento" ... o que falta ? ) . Na verdade , dependemos muito das poucas pessoas que há no movimento realmente dedicadas a fazer difundir obras libertárias .
Estamos perdendo para a Argentina , por exemplo, onde as publicações são muito mais frequentes , não só de livros, mas de jornais , boletins , circulares , zines ... ( NOTA DO DIGITADOR : - IMPRESSÃO MINHA OU EU VI AÍ UMA SEMELHANÇA COM A COMPETITIVIDADE FUTEBOLÍSTICA ? )
Entretanto, como voce disse , me parece que de uns tempos pra cá a situação tem melhorado : tenho visto vários livros saindo , em praticamente todo evento tem uma banquinha com novos títulos . Outro dia mesmo estava andando pela Paulista e ví um livro do Mahkno pra vender , que me parece que editaram a pouco tempo . Acho que é por aí mesmo , temos que colocar os livros literalmente nas ruas , buscar todos os meios de distribuição possíveis , para atingir cada vez mais gente .
Fato importante é que o advento da internet tem prejudicado muito a publicação de material em papel , principalmente de fanzines : hoje em dia encontrar um circulando periodicamente é algo raro (e fanzines de qualidade então ...) . Acho que é primordial fazer-mos essa crítica a nós mesmos e começar a mudar esse quadro , do contrário , perderemos nossa própria cultura e meios de expressão alternativos . Afinal, que mundo é esse que queremos construir ? Quais são nossos meios para fazê-lo ?
Acho que esse abismo entre a teoria e a prática , em alguns casos , se dá pela falta de buscar a própria prática . Sou totalmente a favor do estudo , da busca de informação (inclusive este é um dos objetivos primários da ORGAP ), mas se isso não levar à prática , é pura " masturbação ideológica" , o que pra mim é algo inútil . Além disso, acho que a distância entre as pessoas e os grupos leva à falta de diálogo , e como consequência , à falta de propostas efetivas de ação e de alternativas pra viver . E não acho que a nossa situação está tão distante assim da do resto do mundo ...
ANA > SERÁ QUE O SERVIÇO DE ESPIONAGEM CUBANO JÁ REQUISITOU ESSE LIVRO EDITADO EM OUTRAS LÍNGUAS ? ACHO QUE SIM ... (RISOS)
Karina < Será ? Também acho que sim !
E com certeza esse livro estará proibido em Cuba . Aliás , fiquei sabendo que o " 1984" é proibido por lá - qualquer semelhança com o regime castrista NÃO é mera coincidência !
Estive pesquisando sobre a questão da censura em Cuba, principalmente ao jornalismo , mas ainda não concluí esse estudo . Quem tiver alguma informação, que entre em contato por favor .
ANA > VOCE É MUITO JOVEM , 16 ANOS , E A TAREFA DE TRADUZIR UM LIVRO É MUITO GRANDE , ADEMAIS ESSE. QUANDO VOCE SE INICIOU NA LITERATURA ? QUAIS SÃO SUAS REFERÊNCIAS LITERÁRIAS ? ALIÁS , TENS UM PORTUGUÊS MUITO BOM ! (RISOS)
Karina < Sempre gostei de ler , e desde muito pequena lia tudo o que tinha em casa e na escola , desde livro sobre astronomia e animais de estimação até os livros espíritas da minha avó . Minhas referências literárias são muito variadas , sendo difícil apontar alguma inflluência específica : Vão desde Camões até os quadrinhos da Mafalda .
Acho muito legal o modo como anarquistas de tempos passados aprendiam as coisas, totalmente na raça,eram autodidatas e sabiam um pouco (ou muito) sobre tudo . Procuro seguir um pouco esse exemplo, tentando aprender o máximo possível , sempre mantendo a chama da curiosidade acesa , o que para mim constitui numa base do ideário anarquista. Anarquistas são sempre jovens , no sentido de que estão sempre se dedicando a aprender alguma coisa , e sua busca não termina nunca !
E obrigada , de fato a prendizagem de idiomas me interessa muito , não só a gramática , mas também coisas peculiares como expressões e estruturas regionais . Então procuro estudá-los bem , incluindo o português , apesar que gostaria de sabe-lo melhor , ainda .
ANA > E FOI DIFÍCILTRADUZIR ESTA OBRA ?
Karina > Não tanto quanto eu imaginava . A linguagem do autor é simples , e seu modo de escrever ajudou na tradução . Na verdade , tem sido uma experiência muito boa para mim , porque aprendo mais a medida em que vou traduzindo .
ANA > COMO É SEU RITMO DE TRABALHO ?
Karina > Normalmente sou uma pessoa organizada , procuro ter horários e alguma rotina para trabalhar , e também gosto de estabelecer prazos para fazer as coisas . Só que ultimamente tive vários contratempos para traduzir este livro , por exemplo, estou sem computador e só posso seguir o trabalho quando tenho aula , dentre outros probleminhas que vão surgindo e tornando minha vida instável demais , e por conseguinte a tradução também . Ja gostaria de ter terminado tudo , mas, enfim, agóra que estou na reta final , tento me dedicar mais , trabalhando pelo menos 1 hora por dia (às vezes mais ), 5 dias por semana .
Espero continuar nesse ritmo mesmo depois de haver terminado essa obra .
ANA > E QUAL SERÁ O PRÓXIMO TRABALHO QUE VOCE TRADUZIRÁ ? ALGUM LIVRO NA MIRA ?
Karina < Ainda não . Contudo , pretendo continuar desenvolvendo esse projeto pessoal de difusão do anarquismo latino-americano , seja dentro ou fora da ORGAP .
ANA > ACHO QUE É ISSO KARINA , PARABÉNS PELA INICIATIVA DE FÔLEGO E ÂNIMO PARA SEGUIR COM OUTROS TRABALHOS DESSA NATUREZA . UMA BORBOLETINHA ME DISSE QUE VOCE SERÁ O NOVO "PLÍNIO " DO MOVIMENTO ANARQUISTA , ELE TRADUZINDO LITERATURA LIBERTÁRIA DO FRANCÊS , E VOCÊ DO ESPANHOL . (RISOS) MAS QUE PALAVRAS GOSTARIA DE DEIXAR NESSA MOMENTÂNEA DESPEDIDA ?
Karina < Também gostaria de parabenizar pela sua iniciativa de ânimo com a ANA , sempre trazendo coisas interessantes sobre o movimento libertário . E quem me déra conseguir ser um "Plinio" do idioma castelhano , espero que algum dia , sim ! ( risos)
Gostaria de dizer que estamos abertos a sugestões , críticas (construtivas) e à participação das pessoas nessa empreitada . Convido todos e todas a entrarem em contato com a ORGAP para que possamos trabalhar conjuntamente , não só nesse projeto , como para outros que hão de vir .
Nosso trabalho é aberto , e todos/as já sabem que estão convocados a aparecer na Festa da Diversidade, que praticamente já está , virou evento tradicional , (risos) Bandas que quiserem tocar , poetas,desenhistas,artistas em geral que quiserem expor suas obras , anarquistas que tiverem materiais para distribuir ... escrevam , liguem , dêem sinal de fogo , que a participação na Festa é de todo mundo !
É isso ... saúde e anarquia !
ão
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TEXTO DE 2002 , RETIRADO DO : LEIA-ME , JORNAL APERIÓDICO LIBERTÁRIO N – 01
--- POLICIA NAS RUAS E BIG BROTHER NA TV : “O PÃO E CIRCO” DA CLASSE MÉDIA
Ultimamente, parece que a única coisa que se discute na mídia é Big Brother (seguido por uma infinidade de reality shows cretinos) e o crescimento da violência. Nada de mais relevante existe nesse país, nenhum mísero problema.Excetuando os dois temas, vivemos no vácuo da rotina quotidiana: será que apartir de agora, no limiar do glorioso “novo milênio”, nossas vidas serão resumidas a acordar,trabalhar, assistir B.B. e dormir, ao mesmo tempo que desviamos de balas perdidas e escapamos de seqüestro relâmpago ?
Que diabo de televisão é essa , que quando pensamos não poder ficar pior, consegue se superar e metamorfosear-se em algo homogêneo : bosta . É impressionante o salto cultural que demos em tão pouco tempo, um grande salto pra cima, pra cairmos direto na vala !Só estamos esperando que se dê a descarga ...
Câmeras!Câmeras!Câmeras! Vivemos a cultura das câmeras! Câmeras nos bancos,câmeras de transito,nos shoppings,nas escolas,reality shows, onde você possa imaginar, espionando o cotidiano. Claro, a intimidade também pode ser comercializada. Talvez eles coloquem câmeras dentro das bocas dos artistas de novelas, para nos masturbarmos com o movimento das línguas. Vão colocar câmeras nas privadas, para que possamos ver como é a merda dos artistas famosos. E no dia seguinte,uma enxurrada de inúteis programas de promoção e fofocas das vidas dos mesmos artistas e famosos , discutirá a respeito de obturações e questões escatológicas. É a celebração da espionagem da vida alheia, da intimidade que não interessa a ninguém, só aos artistas, e famosos é claro, que querem se promover. Aliás muita gente questiona essa brilhante classe da sociedade receber o título de artistas.Como não ? Claro que são artistas, artistas do grotesco, do patético,da arte da ostentação e da miséria mental . Nossos idolatrados modelos movidos a cocaína .
A violência também pode ser comercializada, gerando ibope. Desde os programas fasci-sensacionalistas,tpo Cidade Alerta,passando pelos telejornais, até os programas de auditório,sempre é possível expremer o tema até a última gota,sempre há um político idiota ou um convidado cretino para dar sua inútil opinião ou sua fórmula mágica para o fim do caos social . Ao mesmo tempo, os veículos de comunicação passam a “mensagem”. Repare que só se fala em investir em polícia,criar equipes gestapo-tarefa,usar desde as câmeras de trânsito até o exército contra o crime, e muitas outras perversões. É claro, essa é a prática de todo governo autoritário disfarçado de democrático: anunciar medidas de impacto para acalmar principalmente a classe média e a elite;planos incíveis que prometem resultados em poucos meses, a mesma conversa de sempre!Não podemos esquecer dos vagabundos que vivem além da realidade, e utilizam a mídia para vomitar pena de morte, mais repressão e controle, tolerância zero, etc. em arroubos coléricos em favor de sua “liberdade”.
Mas , e aqueles que moram nas comunidades? Alguém vai perguntar pra eles se da pra dormir com granada anti-tanque estourando na porta de casa? Não! A quem interessa? É tão bonito ver a zona sul do Rio mobilizada, toda de branco pedindo paz (só gostaria de saber pra quem). Mas enquanto só o pobre tomava tiro e era estuprado ninguém ia pra rua pedir paz! Ninguém fala da brutal desigualdade social, da crescente miséria, acham que vão acabar com a violência botando um policial nas costas de cada cidadão. Na verdade não querem acabar com nada, o tráfico de drogas dá lucro pra elite e a miséria é o projeto das elites globais para países como o nosso.
Em nossa sociedade da era industrial, a cultura de massas rege nossas necessidades, é a cultura do consumo. “Modelos” mostram como e o que devemos consumir para que tenhamos status, aquele que consome tem necessidades, e se ele tem necessidades deve consumir. Ficamos anestesiados, passando a vida toda em busca de sonhos, sonhos criados para nos manter correndo em círculos. O objetivo é a liberdade, mas a liberdade capitalista, do consumo, de poder ser como um dos milhares de “modelos” com os quais devemos nos identificar. Acontece que apenas uma minoria tem condições de consumir nesse país, e quando sua liberdade de consumo é impedida é que essa minoria começa a reclamar e se mobilizar. Quando o sujeito não pode andar com o relógio novo, no seu carro zero, não pode pegar dinheiro no caixa eletrônico, sofre seqüestro relâmpago, enfim,quando não é mais apenas o pobre que sofre a violência e ela chega também aos bairros da elite, é que a mesma sai às ruas e faz campanha bonita com artista de novela pedindo paz! O sonho não pode ser interrompido, eles vivem apenas para o consumo, para o ter,para a aparência e o status.
É o pão e o circo da classe média, só que o pão é vendido no shopping e o circo passa na TV.Dane-se o social!Polícia nas ruas!Polícia nos morros! Mas só apontam o dedo na cara do morro: bandido! Trafucante! Ninguem quer saber o que pensam, ou que a maioria daqueles que lá moram são pessoas que acordam de madrugada, pegam mais de uma condução e passam o dia dando duro, dando duro,entre outras coisas, para construir a casa em que você mora, para fazer o pão que você come todo dia, para lim par a rua em que você pisa, para te atender atrás do balcão, para vender bala no ônibus, para montar o carro e os aparelhos que você usa,para deixar a classe média feliz.Pessoas que também sentem dor quando apanham da polícia, que também sofrem quando os filhos morrem de bala “ perdida” . Está na hora do nosso show da realidade,mas da realidade cotidiana, a verdadeira realidade. Nós somos os astros desse show e todos devemos sair vencedores. E é importante que saibamos muito bem quem deve ser eliminado: as elites e seu agente, o governo. Passo a passo pelo caminho que leva à revolução social e ao poder popular !
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“A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES SERÁ OBRA DOS PRÓPRIOS TRABALHADORES”
O dia primeiro de maio é visto hoje como um feriado de festividades e shows musicais,sorteios de carros e apartamentos, proporciobados pelo governo, pelos patrões e pelos sindicatos oficiais (CUT, Força sindical, etc ) .Mas suas origens históricas hoje esquecida por muit@s nos mostram uma realidade completamente diferente. Desde a época da escravidão,encontram-se vestígio da luta dos trabalhador@s por uma vida digna, antes caracterizada pela formação de irmandades e juntas de alforria, e,mais tarde,com a industrialização,pelas ligas e uniões operárias e os sindicatos.
No século XIX e início do século XX, era comum que se trabalhasse até 16 horas por dia, incluindo mulheres grávidas (que tinham de trabalhar até o último dia de sua gravidez) e crianças, em troca de salários miseráveis. Não haviam leis que regulamentassem o salário, que era estipulado pelos próprios patrões. Crianças eram exploradas em trabalhos noturnos com apenas alguns minutos de descanço, e eram submetidas até mesmo a espancamentos.
As fábricas apresentavam péssimas condições, muitas vezes sem luz ou ventilação adequados, e ocorriam muitos acidentes de trabalho, que por vezes acabavam por mutilar ou incapacitar @s trabalhador@s.
Com o desenvolvimento do SINDICALISMO AUTÔNOMO , um dos principais objetivos das lutas operárias foi a proposta das 8 horas de jornada máxima, que gerou grandes mobilizações e greves, com conseqüente repressão,mortes e prisões de trabalhador@s a mando do Estado e dos patrões.
Era comum que os patrões, procurando acabar com a revolta d@s trabalhador@s , quando não se utilizavam da violência e outras formas de coação, apelassem para o patriotismo, alegando que uma nação só seria grande através do sacrifício d@s trabalhador@s, e portanto,férias , greves, altos salários e qualquer coisa que prejudicasse a produção, prejudicaria consequentemente o país.
Em Chicago (EUA) no dia primeiro de maio de 1886 milhares de trabalhador@s foram as ruas, reivindicando melhorias de vida. No dia 4 de maio a paralização e as manifestações na praça Hay Market continuavam, e a polícia foi enviada para dispersar a multidão, com armas e cassetetes. A explosão de uma bomba no meio da manifestação fez com que se seguisse a repressão que deixou mais de 100 mortos e feridos e provocou a prisão de muit@s operári@s e anarquistas que foram espancad@s pela polícia e tiveram seus sindicatos incendiados.
Os presos eram os trabalhadores anarquistas inocentes August Spies, Adolf Fischer,George Engel, Ludwing Lingg, Michael Schuab, Samuel Fielden e Oscar Neeb , presos sem provas.
Albert Parsons,um dos oradores do comício que não tinha sido preso durante a manifestação, apresentou-se a polícia,num ato de solidariedade e declarou:
“Se é necessário subir também ao cadafalso pelo direito dos trabalhadores,pela causa da liberdade e para melhorar a sorte dos oprimidos, aqui estou”.
Durante o julgamento foram inventadas testemunhas e provas que culpassem esses trabalhadores pela explosão da bomba.
Um dos jurados chegou até mesmo a declarar : “Que sejam enforcados. São homens demais desenvolvidos, demais inteligentes,demais perigosos .
Parsons, Engel, Fischer, Lingg e Spies foram condenados à morte, Fielden e Schwab à prisão perpétua e Neeb a 15 anos de prisão, sem que se provasse o envolvimento destes com a explosão. Em 11 de novembro de 1887, Parsosns, Engel, Spies, Fischer, foram executados e Lingg se suicidou na prisão, para não se entragar aos assassinos.
Este episódio ficou conhecido como : os “mártires de Chicago “ , e estimulou a luta e a movimentação operária em todo o mundo. Com a decisão da Federação do Trabalho Americana (1888) e do congresso socialista de París (1889), o primeiro de maio foi então declarado como o dia internacional da luta dos trabalhadores , e @s trabalhador@s de todo o mundo adotaram esta data simbólica,relembrando aqueles que deram suas vidas pela causa d@s explorad@s . Este feriado permaneceu ilegal durante muito tempo, sempre gerando conflitos. Trabalhador@s de todo o mundo ainda perderiam suas vidas, por LUTAR POR CONDIÇÕES DIGNAS DE VIDA .
A primeira tentativa de comemorar o primeiro de maio no Brasil foi em 1894, em São Paulo, com a iniciativa do anarquista italiano Artur Campagnoli, que não conseguiu realizar seu plano devido às prisões desencadeadas pela polícia. A partir de 1900 , o movimento operário passou a se organizar no Brasil, com grande contribuição d@s anarquistas, muit@s imigrantes, e à medida que ganhava força, os governantes intensificaram as medidas repressivas, através das leis, e da ação violenta da polícia.
E no decorrer dos anos a polícia fechou sindicatos, recolheu e fechou jornais operários, prendeu trabalhador@s, invadiu domicílios e associações, proibiu greves, comícios e manifestações, explodiu bombas, expulsou, deportou .
Os chefes de Estado eram acionistas ou co-proprietários das fábricas,, e as greves logicamente paralizavam a produção e prejudicavam os lucros. Sendo assim, quando as autoridades reprimiam os movimentos grevistas, não faziam nada além de defender seus próprios interesses, como sempre o fizeram.
Houve diversas greves e grande agitação operária, com a participação de toda a população pobre, em episódios marcantes como a GREVE GERAL DE 1917 , em São Paulo, e muitas outras em todo o país, com muit@s mort@s , Ferid@s, e milhares de prisões.
Foi assim , com muito sangue derramado,muita luta, que a classe trabalhadora conquistou algumas melhorias , sempre enfrentando muita violência e repressão policial a mando do governo e dos patrões.
Todas estas melhorias, férias, jornadas de 8 horas, amparo à mulher grávida, higiene nos locais de trabalho e restaurantes, feiras livres, e tudo o mais, fruto da luta autônoma d@s trabalhador@s (considerada pelos dominantes como “caso de polícia”). Não foram de forma alguma presente dos patrões exploradores ou dádivas generosas do governo, que nunca se preocuparam com o bem estar d@s trabalhador@s.
Em muitos países, governantes como Vargas, no Brasil , REGULAMENTARAM ESTES DIREITOS, INTELIGENTEMENTE ASSUMINDO PRA SÍ A AUTORIA DOS MESMOS, apagando décadas de luta e sacrifícios da classe operária e, também toda a chama revolucionária que levava @s trabalhador@s à luta. Mas na realidade, não fizeram nada mais do que colocar no papel o que há tempos já havia sido conquistado.
A partir daí os sindicatos foram atrelados ao sistema e passaram a atuar sempre nos limites que respondem aos interesses do patronato, aparelhados pelos partidos políticos e vinculados ao Estado, tornando-se um instrumento de controle sobre @s trabalhador@s, no interesse da classe burguesa.
E são esses sindicatos que promovem os “shows” e “festas” de primriro de maio, na tentativa de apagar todo o passado histórico desta data , na tentativa de apagar nossas consciências, nossas lutas e tod@s aquel@s que deram suas vidas por ela.
Enquanto nos enganam com sorteios, os direitos que conquistamos vão sendo “flexibilizados”, abrindo caminho para a entrada da ALCA e de toda esta “globalização econômica “ da miséria e do desemprego, em benefício das grandes multinacionais e dos países ricos.
Não podemos esperar que os patrões ou o governo se preocupem ou lutem por nós, afinal, como apropria história de nossas lutas nos mostra, só atingimos nossos objetivos quando lutamos nós mesm@s por eles, enfrentando esses que só nos exploraram e reprimiram, defendendo sempre seus próprios interesses.
Temos que nos organizar, enquanto classe trabalhadora, sem sindicatos oficiais, partidos, ou “representantes” , e lutar nós mesm@s com autonomia e apoio mútuo, pois “ a emancipação d@s trabalhador@s será obra d@s própri@s trabalhador@s “ !!
MAIO : MÊS DE LUTAS E LUTO , NÃO DE FESTAS
(Texto extraído de um informativo do Movimento Anarcopunk de São Paulo)
A letra @ é usada pra denominar tanto o gênero masculino como o feminino .
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EXEMPLOS DE LUTA GUERREIRA QUE ESTÁ ESPALHADA PELO MUNDO INTEIRO
O movimento anarco-punk , em São Paulo , surgiu no dia 1 de maio de 1990 , em uma grande reunião , no próprio local do evento , quando grande parte d@s anarcopunks decidiu que , a partir daquele dia , estariam organizados em unidade ( numa espécie simples – vinda de pessoas simples - de movimentação libertária ) , desenvolvendo , de forma unida e coesa , os trabalhos já desenvolvidos pel@s anarcopunks . Afinal , apesar do movimento anarco-punk ter surgido em 1990 , já há indícios de anarcopunks por aqui desde o inicio do movimento punk ( pois em todos os lugares do mundo o punk sempre teve em seu interior expressões e organizações anarquistas ) . O que surgiu foi uma forma unida de lutar-se , e não espalhada , como era antes . O termo “ anarco punk” surgiu com o intuito de fazer-se perceptível a diferenciação em relação a alguns outros grupos de “ punks ” que existiam , com posições e posturas muito diferentes do que se pode chamar de libertário , portanto era mais do que necessário diferenciarmo-nos , principalmente em relação a posturas completamente antagônicas ao que acreditamos . Também porque , apesar de acreditarmos que o punk é uma cultura de expressão libertária ,isso logicamente não é o mesmo que dizer que todo punk é anarquista , então o anarcopunk veio para firmar o punk anarquista , e podermos nos identificar melhor e daí , enfim , nos organizarmos melhor .
Desde o seu surgimento o MAP teve que enfrentar muitos obstáculos que interferiram em seu caminho , muitas incompreensões e boicotes por parcela do movimento anarquista ,
( afinal , era um movimento, de certa forma , novo em meio ao anarquismo , e apesar deste meio ser dinâmico e criativo , as pessoas ( algumas delas ) são cheias de problemas e desconfianças e, às vezes fechadas para o que vem a existir recentemente ) . Isso acontecia , algumas vezes , devido os anarcopunks não quererem ser tutelados , pois , mesmo fora de um círculo acadêmico , tinham todo um autodidatismo e aprendizados diários de uma cultura de rua , frente a frente com a realidade que muitos teorizam . Porém tivemos , também , muitos apoios e espaços cedidos ( até alguns anarquistas e não punks )
, que se envolveram e ajudaram bastante nosso movimento .
O anarco punk é oriundo das camadas pobres da população – mesmo os que não são , em sua grande parte aderem à vida humilde das periferias . Nosso anarquismo é o anarquismo do povo , que surge do povo . Não é um “ anarquismo ” escondido , uma sociedade secreta . Por muitos anos estivemos nos organizando e organizando muitas coisas : manifestações , panfletagens públicas semanais , campanha antiracismo , pró-voto nulo , antimilitarismo , divulgação constante da cultura punk e do anarquismo , envolvimento contínuo com movimentos sociais , produção de muitos zines , bandas , informativos , vivências ... Tudo isso com muito esforço e muitos problemas . Mas os maiores obstáculos foram enfrentados contra o inimigo : perseguições e violências por policiais e grupos fascistas ,assim como algumas gangues de “ pankis” , ou seja , fascistas infiltrados no meio das gangues . Foram muitas as violências que enfrentamos : ameaças , boatos , traições ... Mas não tememos as dificuldades , não estamos aqui para nos lamentar , adoramos uma boa briga por uma boa causa .
Os maiores golpes do nosso movimento ( falando do Brasil ) vieram também de “ dentro” . Com o mundo em decadência nesse final e começo de milênio , alguns punks assumiram posturas e chavões muito estrnhos ao movimento punk , uma nova onda de “ No Future”
, mas de uma forma acomodada , derrotista . Discursos extremados , beirando ao fanatismo . Nada parecido com a negação punk ao mundo capitalista de ontem e de hoje . Em São Paulo essa onda não pegou muito , visto que o próprio movimento punk aqui não deu muita atenção . Afinal como já dissemos , o que mais gostam os punks daqui ( e de muitos outros lugares ) é de uma boa briga , não fugindo da luta . Muitos foram os prejuízos nos movimentos do país : muitas perseguições e boicotes infantis e intolerantes , campanhas nas ruas contra os MAPs , sendo que a coisa chegou a um ponto absurdo , de conseguir desestruturar muitas coisas . Mas isto porque ? Não foi somente essa “onda derrotista” , porém , mas muitas outras coisas que vieram a causar conflitos . Estes problemas e suas causassão enfrentados , principalmente , devido a falta de discussão sobre muitos assuntos que , às vezes , não acontecem , ou também devido a falta de estrutura dos grupos . O debate e o amadurecimento das nossas idéias são muito importantes , bem como sair por completo dos chavões e trabalhar as idéias com base concreta , sem superficialidade .
Entretanto , apesar de todas as ondas , prseguições , e algumas trairagens , conseguimos nos firmar . Nós , anarco punks da cidade de São Pulo , nunca paramos nossas atividades , permanecemos vivos . Mesmo durante todos estes processos, continuamos nos encontrando e nos reorganizando ...
... Viemos para incomodar os inimigos e para somar com os libertários , guerreiros e guerreiras deste mundo em guerra , mas nunca vencido !!! Trabalhemos , então , irmãos e irmãs, em cima de nossa memória , tanto a memória do mundo , das lutas e batalhas travadas contra os inimigos da vida e da liberdade , quanto a luta contra os opressores , colonizadores , burgueses , capitalistas ... mas trabalhemos , também , em cima da memória de nosso movimento , aprendamos com os erros e fortaleçamos melhor nossos acertos .
O anarco punk sempre se manteve vivo porque sempre encontrou necessidade de existir . Em todo o mundo sua semente germinou , gerando novas alternativas de luta e da manutenção de sua cultura autônoma , diversificada , criativa e guerreira . O anarco punk manteve-se vivo porque seus guerreiros e guerreiras jamais irão calar-se , entregar-se ou deixar-se vencer !
JAMAIS IRÃO CALAR NOSSO GRITO : LIBERDAAAADEEEE !!
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TEMAS PRA DISCUTIR NA FACULDADE :
# O MITO DO INDIVÍDUO PERIGOSO --- Esse assunto foi elucidado por Foulcault
Ele fala sobre o seguinte :
Grupos com poder e intere$$e específico
Usando seus meios de comunicação
>>> Cria estereótipos de personalidades <<<
pra querer/tentar/poder justificar suas ideologias
e manter seus sistemas ,
garantir a eficácia de seu$ mecani$mo$ de controle ,
que não tem como função a proteção , a harmonia
>>> MAS SIM A PERMANÊNCIA DE ESTRUTURA$ DESIGUAI$ <<<
Isso foi praticado no Brasil , na época da ditadura militar
Os estudos e aprofundamentos vão falar
DA EVOLUÇÃO DESSAS PRÁTICAS NA HISTÓRIA
ONDE ELAS ESTÃO INSERIDAS HOJE , NA ATUALIDADE
QUEM AS DEFENDE ,
QUEM AS PRATÍCA
>>> E COM QUE INTERESSE <<<<
# o mito do indivíduo perigoso também da margem pra vários outros cerceamentos
# Criando a falsa idéia de que é perigoso , inventam automaticamente motivos pra
# isolamento
# embargo econômico
# E há também , como já vimos no passado
# A invenção , criação , reprodução de realidades
# Que o levam e o obrigam a tomar atitudes que desperte insegurança
# Em resumo seria , em uma comparação imprecisa e simbólica : AMARRAR UM CACHORRO , TRATÁ-LO COM VIOLÊNCIA E AINDA EXIGIR QUE SEJA DÓCIL .
# DO PONTO DE VISTA LIBERTÁRIO ESSA TESE ESTÁ 100 % COMPROVADA
E ESTAMOS ABERTOS PARA RECEBER CRÍTICAS E CONTRA ARGUMENTOS SOBRE ÉLA .